domingo, 14 de outubro de 2012

Dos livros que todos deveríamos ler - "Se isto é um homem"



Todos nós sabemos o que se passou na II Guerra Mundial. Não é preciso saber pormenores, datas, números, para se saber o que aconteceu. E isso pode levar-nos a pensar, ao lermos um livro que retrata a vida em Auschwitz, que o mesmo não nos irá impressionar por aí além - não por sermos pessoas horríveis, mas porque, a priori, já sabemos o que por lá se passou. Já sabemos que ali não havia nada, não se vivia. Sabemos que não havia identidades - uma das necessidades básicas do ser humano -, sabemos que existia fome, frio, exaustão. Sabemos das câmaras de gás, dos fornos crematórios, de toda a violência. Já vimos imagens, fotografias chocantes. E, por isso, tornamo-nos arrogantes. E por isso, apesar de saber que não seria insensível ao livro, achei que não me poria a pensar de forma diferente sobre o que se passou.

Mas a verdade, é que pôs. E, sobretudo, pôs-me a pensar, enquanto o lia, sobre isso da "condição humana". Acima de tudo porque, a dada altura, pensei que aquelas personagens, reais, já não tinham nada, nem humanidade. Já não eram nada. Estúpida que fui, sei agora. Porque depois disso, percebi, afinal, que a humanidade de uma pessoa pode até desaparecer - como desapareceu a quem cometeu aqueles crimes -, mas não desapareceu aqueles homens. Porque, apesar de tudo, continuaram a lutar; porque, apesar de tudo, ainda conseguem dizer que poderiam estar numa situação pior. Porque, apesar de tudo, mesmo no final, ainda conseguem arranjar forças não só para sobreviver como, também, para ajudar outros prisioneiros.

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