sábado, 30 de março de 2013

Há uma primeira vez para tudo

E algum dia eu tinha que gostar mais de um filme que do respectivo livro. 

Aconteceu com o "Guia para um Final Feliz" (ou, se quiseremos em Inglês, "Silver Linings Playbook"). 

Como já escrevi aqui, eu gostei do filme. Ok, não compreendo toda a ideia que anda/andou à volta dele de ser um filme espectacular, mas gostei do filme, gostei das interpretações (apesar de também não achar que a Jennifer Lawrence, por muito bem que tenha estado, tenha merecido ganhar o Oscar) e gostei da história.

Do livro... Bem, gostei da história e... pouco mais. 

Em relação à escrita, e muito honestamente, parecia que tinha sido um miúdo de 13 anos a escrever o livro. Às tantas pensei que uma vez que sendo a história contada pelo Pat Peoples - a personagem do Bradly Cooper no filme - e tendo ele sofrido aquele traumatismo, a "infantilidade" na escrita (e, portanto, da linguagem da personagem) poder-se-ia dever a uma consequência desse traumatismo. Mas não me parece. Ok, a personagem era problemática, mas não me parece que uma limitação da linguagem e uma idade mental de 13 anos fosse um dos seus problemas.

E aqui entra outro calcanhar de Aquiles do livro - os problemas do Pat Peoples.

1. (e fica-me muito mal dizer isto) - Mas que homem stalker, obcecado com o seu corpo e com a ex-mulher! Credo! 

1.1. (e por isso é que eu admiti a hipótese de a escrita ser infantil por ele ser, de certa forma, "infantil" - coisa que ele até admite) - Mas para além de seres "psicótico", tens 12 anos?!

2. O psiquiatra do Pat Peoples. Eu sei que tenho apenas o Mestrado Integrado em Psicologia, não me considerando sequer psicóloga por causa disso, muito menos psicóloga clínica - o meu mestrado é de outra área. Mas uma das regras básicas da terapia prende-se com a relação que o terapeuta pode ter com o paciente. Assim, se aquelas duas pessoas têm uma relação terapeuta-paciente, não convém que tenham outro tipo de relação, muito menos que essa relação envolvam copos - coisa que não acontece no livro.Com um tratamento assim, parece-me normal que o tratamento tenha demorado a surtir efeito.

No meio disto tudo, o que é que me chateia?

O livro, tratando de uma doença mental, de como as pessoas lidam com isso e das relações entre familiares e amigos, tinha potencial para ser muito mais interessante e muito mais profundo. Não estou a dizer que os livros têm todos que ser obras pesadonas para serem interessantes, mas este tinha potencial para ser muito mais interessante - sem ser, necessariamente, pesadão.

Mas não. Ficou-se ali pelo básico ou, até, menos que básico. O que foi uma pena.

No lado bom da coisa, andei, durante uns dias, com o Bradley Cooper nas mãos porque a capa do livro é o cartaz do filme.





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