domingo, 31 de agosto de 2014

Do guardar



Hoje resolvi fazer uma espécie de arrumação ao meu quarto. Já há algum tempo que tinha vontade de tirar umas coisas, e agora, com as aulas a começarem daqui a 15 dias e a precisar de espaço para os dossiers que, sei, vou precisar, resolvi que era uma boa altura para fazer essa arrumação.

(Na verdade, precisava também de ocupar o corpo e a cabeça para não estar a remoer mais no que não vale, definitivamente, a pena).

E cheguei, novamente, a uma conclusão: tenho uma capacidade tão grande para acumular guardar lixo coisas que deveria receber um prémio por isso. Ora, enquanto via a montanha de lixo coisas a crescer, comecei a pensar que, se calhar, os processos que estão por trás do acumular, do não conseguir deitar estas coisas fora, são os mesmos que estão por trás da minha falta de capacidade de “deixar pessoas para trás”, de deixar o passado para trás das costas, de não conseguir esquecer, mesmo que não tenha sido tão importante ou grandioso.

Olhando para coisas que estão guardadas desde há 10 anos, que não me servem para absolutamente NADA, mas que, mesmo assim, sou incapaz de deitar fora, questiono-me se estarei de alguma forma “destinada” para, daqui a 10 anos, ainda me lembrar do que não devo, de ter saudades do que não devo, de guardar para mim o que não devo. Pergunto-me se existe alguma coisa em mim que me impede de deixar para trás, de avançar. Seja com lixo coisas, seja com pessoas.

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