segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Sobre a autocomiseração

Bom, eu tenho tentado. E, palmas para mim, tenho conseguido não ter muita pena de mim. Tenho conseguido não ter muitos momentos de desespero. Tenho conseguido controlar o meu nervosismo, a minha culpa, o meu medo, a minha frustração.

Só não tenho conseguido controlar o meu sentimento de fracasso. E é daí que depois tudo se desenrola. O desespero, o nervosismo, a culpa, o medo e a frustração. Mesmo calados e interiorizados.

Vamos lá ver - estou a um mês de fazer 27 anos. Os 30 aproximam-se perigosamente. E o que é que eu fiz na minha vida?

Tenho quase 27 anos e não trabalho e não estudo. Tenho quase 27 anos e vejo as pessoas à minha volta relativamente bem-sucedidas. Mal ou bem, bem ou mal pagos, sozinhos ou acompanhados, todos e todas (ou quase) vão construindo as suas vidas. Vão progredindo.

E eu... Passo do estagnado para o andar para trás. Porque sempre que parece que estou a andar para a frente, ou acontece merda, ou faço merda, ou deparo-me com merda, e estagno. Ou volto para trás.

E isto é frustrante. E desesperante. E assustador. E causador de momentos "nunca vou fazer nada de jeito na minha vida".

E tira-me o sono à noite. E durante a noite. E causa-me sono durante o dia. Cansaço físico. Psicológico. Salvam-se alguns dias... Mas outros destroem-se. Destroem-me. 

Não se trata só deste emprego que não correu bem. Trata-se da minha vida... Há uns anos, eu era a miúda com potencial. Agora... Sou isto que não sei muito bem o que é - ou prefiro não saber, porque quando penso naquilo que sou, naquilo que estou a ser, desespero.

Eu luto. A sério que sim. Eu não fico no sofá ou na cama à espera que as coisas aconteçam. Eu não fico em casa em autocomiseração. Eu tenho saído, tenho namorado. Mas isso não é suficiente. Nada disso é suficiente.

E tenho medo do que vai acontecer, de onde vou estar, no próximo mês.

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