sábado, 5 de janeiro de 2013

É, basicamente, isto

"Tenho 4 anos de carta de condução e muitos dos meus amigos costumam comentar: "anda lá, leva o carro, tens carro e nunca o usas". É verdade. O meu dia-a-dia não me obriga a usar o carro. Muito menos à noite. Prefiro gastar 5 euros de táxi ou 10 do que pagar uma multa ou algo pior. Não queremos moralismos, nem ser consideramos "os gajos que pensam que sabem". Nada disso. A vida prega-nos partidas, a vida muitas vezes é injusta e não há nada pior do que o peso de uma "cruz" às costas para o resto da vida. Falo de multas, falo de atropelamentos, falo de acidentes, falo de dinheiro mal gasto por estupidez humana. Se sabemos que vamos beber, o carro que fique estacionado onde está. Se não está em casa....podemos ir buscá-lo no dia seguinte. O carro não desaparece. O que se passou na noite de ano novo é mais do que uma chamada de atenção. É um despertar na nossa consciência de que há coisas que podem ser evitadas. Temos amigos próximos do João, tenho familiares amigos da família do João. Não há nada mais injusto e doloroso na vida do que esta situação. Podemos alterar o rumo das coisas....podemos evitar a dor. Mas nunca a podemos remediar. Hoje é sexta, uns estudam, outros vão sair. Por favor, e não sou eu que vos peço....somos todos e somos nós próprios que falamos para dentro. A vida é injusta mas é boa! Vamos dar-lhe o devido valor? Mão na consciência....não levem o carro!"


Roubado da página do Facebook dos Magos do Social

Também tenho 4 anos de carta (well, 4 anos e meio) e se conduzo, não bebo. É ponto assente. Muitas vezes, quando saio à noite, levo eu o carro por esta ou por aquela razão; no entanto, e sei que às vezes as outras pessoas se chateiam com isso, se quero ir mais descontraída, recuso-me a levar o carro. Porque estou mais cansada e não quero correr o risco de adormecer ao voltante. Porque não me apetece andar a deixar as outras pessoas nas respectivas casas. Porque, ainda que não pretenda apanhar uma bebedeira, se beber uma caipirinha no início da noite não vou gostar de conduzir no seu final. Porque posso querer beber mais que uma caipirinha no início da noite, não apanhar uma bebedeira mas, ainda assim, não estar em plenas condições de conduzir. Porque posso querer apanhar uma bebedeira e, se não magoar ninguém, ninguém tem nada a ver com isso. Mas é aí que reside a questão. Se não magoar ninguém. Por isso, e porque não quero magoar ninguém, se estou com o carro, não bebo.

É verdade que acidentes acontecem, estejamos em que estado estejamos. No entanto, caso eu tenha um acidente, não quero pensar "bebi uma caipirinha... Será que podia ter evitado o acidente se não tivesse bebido?" Não quero ser responsável pela morte de uma pessoa, por tirar um filho a uns pais, um amigo a alguém. Não quero privar ninguém de correr, de nadar, de saltar. Não quero. No entanto, e porque acidentes acontecem, se alguma vez isso acontecer, não quero pensar que isso poderia ter sido evitado se não tivesse bebido. 

Sim, sou fundamentalista neste assunto. Chamem-me moralista, revirem-me os olhos, who cares. Também o seriam se uma das vossas melhores amigas vos chorasse nos ombros numa noite em que se foi abaixo porque, por mais normal e adaptada a sua vida possa ser, por mais bem-resolvida que possa estar, no fim, estará sempre dependente de uma cadeira de rodas ou de umas muletas para andar. E tudo porque alguém achou que podia conduzir e beber.

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