Aproveitando o facto de ontem à noite ter ficado pendurada, resolvi ir para a varanda, o único sítio onde era possível estar sem começar a derreter, e terminar o "The perks of being a wallflower", que tinha começado na Sexta-feira.
E gostei.
Para quem não sabe, a história é narrada por um adolescente de 15 anos, cujo melhor amigo se havia suicidado no ano anterior, e que vai escrevendo cartas a um "amigo", contando a sua experiência no primeiro ano de Liceu - os amigos, as relações amorosas, as relações familiares e a forma como lida com a(s) perda(s).
Poder-se-ia pensar que, devido a este "plot", seria um livro mais juvenil; no entanto, e apesar de achar que eu, provavelmente, gostaria mais do livro se o tivesse lido aos 16/18 anos, não acho que seja um livro desadequado a pessoas na casa dos 20 (ou, até, mais velhas). Porque trata de assuntos sérios relacionados com o crescimento do ser humano e da forma como este lida com os vários problemas que lhe vão surgindo. Ora, e como sabemos, feliz ou infelizmente, nós não paramos de crescer quando acabamos o Liceu e entramos na Faculdade nem os problemas deixam de surgir. Efectivamente, apesar de a história ser narrada por um miúdo de 15 anos, ao longo do livro fui "apanhando" passagens que poderiam, feliz ou infelizmente, ter sido escritas por mim; ao longo do livro, fui "apanhando" passagens que, se fosse inteligente, poderia tentar aplicar à minha vida. O livro, sendo narrado por um miúdo de 15 anos, é uma reflexão que pode
ser utilizada por todos sobre a vida, sobre o que somos, sobre o que nos
faz ser como somos e que, no limite, é importante que todos façamos de vez em quando, mas sem as tretas dos livros de auto-ajuda.
Por outro lado, gostei, também, da forma como o livro aborda certos assuntos, como suicídio, drogas, sexo, abuso sexual ou a depressão, porque não o fez de uma forma "infatilizada" (que poderia acontecer devido ao facto de, afinal, a história ser narrada por um miúdo de 15 anos) nem de uma forma demasiado "erudita" (caminho que o autor poderia querer tido tomar de forma a tornar, talvez, o livro mais sério mas que, provavelmente, seria descontextualizado, tendo em consideração, lá está, que a história é narrada por um miúdo de 15 anos).
Ainda assim, admito que hoje, acabadinha de ler o livro, não consigo dizer se gostei mais do livro ou do filme. Normalmente, e salvo algumas (muito raras) excepções, como foi o caso do "Guia para um Final Feliz", eu gosto mais do livro que da adaptação cinematográfica, independentemente do facto de ter visto primeiro o filme ou lido primeiro o livro. No entanto, com este livro e esta adaptação, não consigo formar já uma opinião a esse respeito. Penso que tal dever-se-á ao facto de eu ter visto o filme há uns meses e de, em retrospectiva, achar que a adaptação foi muito bem feita, com excelentes representações - apesar de algumas alterações e de, no livro, um acontecimento fundamental ser muito melhor explicado e de, no filme, essa explicação não ser tão explícita.
Assim, para quem viu o filme, aconselho a leitura do livro - não porque o filme tenha ficado mal feito ou mal aptado ou tenha estragado a história, mas porque, apesar de o filme estar muito bom, o livro também está.
Nota: Claro que a adaptação ao cinema tinha que estar muito boa... Vi agora que o Director é que autor do livro - Stephen Chbosky.
Adenda: Resolvi ver, outra vez, o filme. Continuo a achar que é uma boa adaptação do livro, ainda que com mais alterações que aquelas que eu achava enquanto lia o livro. Por outro lado, o tal "acontecimento fundamental" acaba por, também, ser bem explicado no filme, apesar de não tão bem explicado como no livro - acredito que, quando o vi pela primeira vez, me tenha passado ao lado por ter "descansado os olhos". Aliás, penso que essa será a principal diferença entre o livro e o filme: a forma como o "acontecimento fundamental" é revelado e as consequências da revelação (apesar de culminarem no mesmo "final"). Finalmente, apesar de continuar a achar o filme um bom filme e uma boa adaptação, não posso deixar de dizer que, claro, há coisas que o livro transmite e que o filme, apesar de tudo de bom que tem, não consegue transmitir - é assim, não há nada a fazer: os filmes não conseguem transmitir tudo o que os livros transmitem. Apesar de, felizmente, possibilitarem outras coisas boas.
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