sexta-feira, 18 de julho de 2014

Enviar uma mensagem e comer uma Bola de Berlim na praia: duas acções diferentes, um processo semelhante

Eu tenho uma relação estranha com as Bolas de Berlim. Até aos meus 10 anos, comia, na praia do Algarve onde ia, as melhores Bolas de Berlim de sempre. Diferentes das de pastelaria, mais tipo fartura, as melhores de sempre. Aos 11 anos, os meus pais compraram uma casa no Algarve, noutra zona, e mudámos de praia. A praia é em tudo melhor que a outra, menos nas Bolas de Berlim. Entretanto, com a ASAE e outros que tais, se já tinham pouca graça, ainda menos graça deixaram de ter. Resumindo: ao contrário da maioria dos veraneantes, eu não me pelo por uma Bola de Berlim. No entanto, de vez em quando, com o cheiro das Bolas a passarem por mim e com alguma esperança que estejam boas, lá acabo por comer uma. Mas o processo é sempre o mesmo - e que ainda hoje aconteceu: 

- Tenho fome e/ou sinto o cheiro das Bolas a passar por mim;
- Fico com vontade de comer uma Bola, embora saiba que não me vai saber bem, porque não são tão boas como as que comia na infância e, no limite, vou ficar meio enjoada;
- Apesar disto, de saber o que vai acontecer, e que me vou arrepender de gastar o dinheiro, como a Bola;
- Ao abrir o pacotinho da Bola e ao olhar para ela, percebo que nem vai ser preciso trincá-la para me arrepender de a ter comprado;
- Como a Bola e constato, uma vez mais, que não gosto assim tanto daquilo para compensar o mal que me faz e o dinheiro gasto;
- Inflijo-me chibatadas mentais por ser uma estúpida de uma troll que sabe que aquilo vai acontecer e, mesmo assim, compra a bola. 

Ora, enquanto hoje este processo se dava, cheguei à brilhante e inútil conclusão que o mesmo se passou com a mensagem que enviei ontem. Eu tive vontade de a enviar mas sabia que ia dar merda. Mas mesmo assim enviei-a. E, logicamente, arrependi-me. O processo foi o seguinte:

- Tive saudades / quis saber dele, se estava bem;
- Fiquei com vontade de enviar uma mensagem, embora soubesse que a coisa não ia correr bem, que ia ser tudo demasiado estranho e, no limite, até indiferente;
- Apesar disto, de saber o que vai acontecer, e que me vou arrepender de gastar bateria, escrevo uma mensagem e carrego no "Enviar";
- Ao fim de 2 ou 3 mensagens, constato, uma vez mais, que não valia a pena ter enviado a mensagem, que a coisa foi estranha e, pá, se calhar foi mesmo indiferente. 
- Inflijo-me chibatadas mentais por ser uma estúpida de uma troll que sabe que aquilo vai acontecer e, mesmo assim, envia a mensagem. 

Às vezes chego à conclusão que não deve mesmo haver solução para mim: sou uma troll e idiota e parva. 

E que por mais que me tente defender, não consigo e acabo por bater sempre com a cara. E isto achando que não gostava assim tanto. Faria se achasse que gostasse ou, pior, se gostasse mesmo.

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