quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Divagações, parte qualquer coisa

No outro dia, estava eu no ginásio, tive uma espécie de epifania. A associação de ideias é uma coisa terrível e não é à toa que o Pai da Psicanálise utilizava o método de Associação Livre para chegar à origem das neuroses. 

Obviamente que não foi isto que fiz nem tampouco cheguei à origem das minhas "neuroses". O que quero dizer é que a associação de ideias e pensar livremente faz-nos, por vezes, chegar a conclusões. E a mim, há uma semana, fez-me perceber qual será, talvez, a principal razão de ainda não o ter deixado ir. Não são as perguntas por responder nem o que deixamos por fazer. Sim, isso contribui. Sim, tenho saudades da parvoíce dele; sim, tenho perguntas por responder; sim, deixámos coisas por fazer. No entanto, acho que aquilo que se revela mais importante para a minha incapacidade de o deixar ir foi uma coisa que ele me disse no final. 

Dizia-me ele que cada vez se sentia mais "frio". Não por minha causa, mas que eu "levava" com isso. Sentia-se frio porque se sentia cada vez mais longe dos amigos, sentia que já não cabia na vida dos amigos nem os amigos cabiam na vida dele. E que apesar de gostar com eles, muitas vezes não tinha vontade de estar com eles. Para além disso, o estar "frio" fazia com que acabasse por afastar as pessoas. Como na altura me começou a afastar a mim. 

E no outro dia percebi. Eu não o consigo deixar ir porque é exactamente assim que me sinto. Não por achar, como se calhar achei noutras alturas, que "se eu estou sozinha e tu estás sozinho, vamos ficar sozinhos juntos". Mas por causa da identificação. Porque ele sente, ou pelo menos sentiu, o mesmo que eu sinto. E porque eu não sei o que fazer em relação ao que eu sinto. E porque, se calhar, no meu inconsciente, eu acho que ele é a única pessoa que realmente me perceberia e me poderia ajudar. Não que o objectivo fosse "vamos ficar juntos" (até porque eu tenho 98% de certezas que nós não resultaríamos enquanto casal com relação séria). Não. Acho que é apenas uma questão de compreensão. 

O bom disto tudo, desta epifania, é que parece que deixei de pensar tanto nele (apesar de estar a escrever este texto). Sim, lembro-me dele - até porque há o cabrão do Facebook -, mas parece que, com isto, deixei de pensar nele de uma certa maneira. E deixei de pensar tanto nas perguntas. 

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