quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Eu e os "E se"

Antes de mais, um disclaimmer: desde pequena que tenho (tinha) uma espécie de sonho - Viver sozinha. Sim, enquanto crescia, nunca fui a menina "típica" que brincava às barbies, se mascarava de princesa e queria casar e ter filhos. Não. Enquanto crescia, brincava com carrinhos, mascarava-me de Gato das Botas ou Cowboy e queria viver sozinha.

À medida que fui crescendo, o desejo de viver sozinha foi-se mantendo. No início da idade adulta, em que me tornava a "solteira crónica", sem grande sorte / oportunidade / vontade de encontrar alguém, esse desejo foi-se mantendo. Aliás, a dada altura, pensava que mais do que um desejo, um sonho, seria, de facto, o que me esperava - viver sozinha. E essa era uma ideia que não me assustava, de todo.

Adorava (e adoro) a ideia de não ter que dar quaisquer satisfações da minha vida. De poder adormecer no sofá ou na cama ou onde quiser. De comer cereais no sofá ao jantar sem me importar com mais nada. De depender só de mim. Muito honestamente, gosto de ficar sozinha em casa quando os meus pais e a minha irmã vão de férias. Tenho toda a casa só para mim. Posso andar de roupa interior pela casa ou até despida. Posso cantar e dançar alto. Sim, sou uma solitária, não há nada a fazer.

A minha mãe diz-me que não, que eu não devia ir viver sozinha. Porque, lá está, sou solitária e habituar-me-ia muito facilmente a essa solidão. E depois, se um dia quisesse deixar de viver sozinha, poderia ser muito complicado. E tem uma certa razão, a senhora minha mãe.

Por outro lado, a par desta liberdade (e solidão), sempre me atraiu a ideia de ser independente. Via (vejo) o viver sozinha como o atingir o grande estado de independência financeira e de auto-suficiência. E bem, é só por isso - porque ainda não atigi esse estado (e por o custo das rendas ser inversamente proporcional ao valor dos ordenados em Portugal - ou pelo menos o meu ordenado) - que ainda não estou a viver sozinha. Porque ainda não atingi o grande estado de independência financeira e de auto-suficiência.

Acontece que desde há 1 ano e meio que sou menos sozinha. Há 1 ano e meio comecei a namorar com o A. E passado 1 ano e meio começo a pensar que se há pessoa com quem um dia, eventualmente, gostaria de partilhar a minha vida, seria com ele.

Não, nunca falámos sobre esse assunto. Mas, sinceramente, não sei se teria coragem de falar com ele sobre esse assunto - pelo menos para já.Porque apesar de achar que "se há pessoa com quem um dia, eventualmente, gostaria de partilhar a minha vida, seria com ele", não sei se o conseguiria fazer.

Gosto dele, gosto mesmo muito dele. Mas isso também é parte do problema. Gosto mesmo dele e não quero que ele deixe de fazer parte da minha vida. Mas e se deixar? E se ao vivermos juntos, as coisas começarem a correr mal? As coisas correm bem agora, cada um no seu sítio. E se eu não conseguir partilhar a minha vida com outra pessoa? Eu sou solitária. Eu estou habituada a viver com algumas pessoas, é verdade (pai, mãe, irmã e até há meia dúzia de anos, irmão), mas uma coisa é viver com a família "original", outra coisa é viver com o namorado.

Eu não estou habituada a que as relações corram bem - porque é que esta haveria de ser diferente? 

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