No dia 3 de Fevereiro, escrevi aqui sobre a vontade de ver o episódio da Anatomia de Grey da semana passada, cujo guião, e não querendo spoilar muito, se baseava naquilo que seria a vida das personagens caso a mãe da Meredith não tivesse sofrido de Alzheimer.
Tinha, efectivamente, uma grande vontade de o ver. Se, por um lado, é verdade que gosto de ver os episódios das séries que sigo rapidamente, é também verdade que, normalmente, gosto de ver episódios com "Universos Alternativos".
Quem seguiu o Lost, por exemplo, sabe que, a dada altura, o "Universo Real" se misturava com o "Universo Alternativo" e se, para muitos, isso foi razão para a achar que a séries estava a descambar, eu cá adorei. É verdade que adorava a série e não ia ser por isso que ia deixar de gostar, mas a verdade é que, por alguma razão que até há pouco tempo eu nunca tinha pensado nela, eu gosto de "Universos Alternativos".
E, há pouco tempo, acho que percebi porque gosto tanto de Universos Alternativos. Suponho que seja porque não são tão raras as vezes que me ponho a pensar naquilo que teria acontecido caso eu tivesse tomado decisões diferentes. O que teria acontecido se eu tivesse mudado de escola, se eu tivesse escolhido outra área no Secundário, se eu tivesse escolhido outro curso.
O que teria acontecido se eu tivesse dito à minha grande paixão na adolescência "Gosto de ti". O que teria acontecido se eu tivesse lutado mais por algumas pessoas. O que teria acontecido se no Jantar do Caloiro eu não tivesse ficado ao pé daquela que seria uma das minhas grandes amigas da Faculdade e que, por acaso, estava na minha turma. O que teria acontecido, quem eu teria conhecido, de quem eu teria ficado amiga, na Faculdade, se não tivesse escolhido aquela turma simplesmente porque tinha um horário melhor.
O que teria acontecido se tivesse praticado outro desporto. O que teria acontecido se tivesse feito outras amizades. O que teria acontecido se me tivesse revoltado mais vezes, se tivesse dito "Basta!" em ocasiões em que não disse.
O que teria acontecido se...
Questiono-me, mais do que gostaria, sobre isto.
Tenho perfeita noção que isso não será a melhor opção. Porque na vida real não é possível ver na TV o que teria acontecido se. Porque, mesmo que conseguíssemos, de alguma forma, ter acesso ao que seria a nossa vida se isto ou se aquilo, não conseguiríamos alterar nada do nosso passado. Logo, pensar "no que seria" é perder tempo. Não podemos mudar aquilo que fomos ou fizemos.
E é isto que eu me tenho que lembrar mais.
Se me perguntarem se me arrependo de coisas que fiz, não vou dizer "não, não me arrependo de nada do que fiz. Tudo aquilo que eu fiz trouxe-me até aqui, blá blá blá". Não, não digo isso. Se me perguntarem se me arrependo de algumas coisas, eu digo que sim, que me arrependo e, em muitos casos, arrependo-me muito. E também me arrependo de não ter feito muitas coisas que não fiz.
Mas a verdade é que não há muito a fazer em relação a grande parte delas.
Não é uma questão de me conformar - porque existe, muitas vezes, aquela conotação negativa associada ao conformismo. É, sobretudo, uma questão de avançar.
E é isto. Avançar.