segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Vício

Eu sou, como a maioria das pessoas que me conhece sabe, uma viciada em desporto. Nunca fumei (nem cigarros nem outras coisas), bebo muito pouco e consigo-me controlar na comida e nas compras (bem, mais ou menos. Depende). No entanto... Sou viciada em desporto. Se passo duas semanas sem me mexer, começo a bater mal. Se estou chateada, é o desporto que me salva. Natação, ginásio e, há menos tempo, corrida. 

A natação foi o meu primeiro amor. E o primeiro amor... O primeiro amor nunca se esquece (e curiosamente, conheci o meu primeiro "amor" - e segundo, já agora -, na natação. Nunca o esqueci, é verdade, mas sobretudo porque é um grande amigo - e casado com uma grande amiga. O mundo dá voltas giras :) ). Quem nada frequentemente sabe o que é a maravilha que é mergulhar e sentir a água à nossa volta e a falta de gravidade. Quem nada conhece o prazer de, a cada braçada, sentir-se a cortar a água. E embora essa parte, hoje em dia, já não seja a principal, quem nada sabe o prazer que a superação traz. O prazer que é retirar 1 segundo ao nosso melhor tempo. O que é um segundo? Para quem faz desporto, mesmo que não compita - o que sempre foi o meu caso -, 1 segundo é tudo. Pode ser tudo: pode ser a superação como pode ser a desilusão. Mas fiquemo-nos pela superação. Um segundo pode ser o melhor que nos aconteceu naquele dia. A natação, para mim, estará sempre lá - posso não conseguir, devido ao joelho, dar uma boa pernada (logo eu, que sempre me safei com as pernadas), mas terei os braços que cortam a água - já disse que essa é uma sensação maravilhosa?

Depois veio o ginásio. O ginásio é o que faço com menos prazer - o que não significa, no entanto, que não o faça com prazer. O ginásio ajuda-me no joelho, a fortalecê-lo. Curiosamente, ou não, os últimos episódios de "porra, o joelho saiu-me do sítio!!" aconteceram depois do Verão, a altura em que dispenso o ginásio. Sim, o ginásio faz-me bem. Querem melhor argumento que esse? Mas o melhor? Ver-me, também, a melhorar. Ver-me a conseguir, de semana para semana, levantar mais peso, a sentir-me com mais força. É suar, ficar nojenta, mas, ainda assim, sentir-me satisfeita - obrigada endorfinas, dopaminas e companhia limitada. 

Finalmente... Temos a corrida. O amor mais recente mas o que, ultimamente, me tem dado muito prazer. É na corrida que me consigo desligar do mundo, é na corrida que sinto o maior desafio. É na corrida que a superação tem acontecido mais (bem... Nos últimos tempos nem tanto). É na corrida que estabeleço mais objectivos. Na corrida é simples: sou eu contra mim, contra a estrada. É seguir e ir, estabelecer os tais objectivos, querer melhorar, querer bater-me. Mas saber que não importa quais os objectivos (que são estabelecidos de acordo com os limites), no final, eu ganho sempre. Porque tive aquele momento (meia hora, uma hora, uma hora e meia) para mim, em que pensei "não aguento" mas "aguentei", em que me doía alguma coisa mas continuei. 

Desde o último episódio do joelho tenho andado em modo baby steps. Primeiro, natação - condicionada -, e depois, corrida. Primeiro 5km, depois 6 e hoje 8. Tenho a Corrida do Tejo no Domingo e quero ir - mesmo que não consiga cumprir o objectivo que estabeleci quando me inscrevi. Provavelmente não o vou conseguir cumprir; no entanto, já estabeleci outro que será, então, fazer a corrida e conseguir terminá-la sempre a correr. 

Correr é isto: mais do que uma moda, mais do que as roupas giras que andam por aí agora, correr é conseguir ultrapassar as nossas dificuldades e superarmo-nos. Podemos correr apenas 1km - mas é um começo e é melhor que 0.

Sim, sou viciada em desporto e fico maluca quando não o pratico. Mas há vícios piores, não há?

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